Abstract
Este trabalho diz respeito à ideia da misericórdia e da libertação presentes na literatura joanina. Pautando-nos na figura de Maria de Magdala em sua busca de Jesus e no reconhecimento da voz do seu mestre que a impulsiona a seguí-lo, pretende-se analisar à luz da hermenêutica de Paul Ricoeur, no horizonte da teologia fundamental, a misericórdia como forma de reconhecimento do outro e a libertação como forma de dar presença a este outro. Tomando por princípio hermenêutico que os textos bíblicos podem encontrar lugar na reflexão filosófica e que esta pode apresentar-se como organon à reexão teológica, este artigo defende a importância de falarmos da função poética da linguagem bíblica e o seu poder descortinador de um novo mundo. Ainda objetiva verificar que na literatura joanina, na figura de Maria de Magdala, metáfora da comunidade da nova aliança, a solicitude introduz um novo tipo de relação que torna possível estimar o si mesmo como outro e o outro como a si mesmo. Maria de Magdala, como nos propomos analisar, nos convida a acolher imaginativamente que a palavra Rabbouni/ Mestre que ecoa de sua boca é sinal da restauração anunciada.