Abstract
O texto visa apresentar a querela entre Sigmund Freud e Gilles Deleuze acerca da noção de “repetição” – noção fundamental tanto para a metapsicologia do primeiro, quanto para a filosofia do segundo. Através da crítica de Deleuze ao caráter eminentemente negativo e “derivativo” da repetição em Freud (ideia que, no caso de Freud, aparece sobretudo em dois textos fundamentais: “Recordar, repetir e elaborar”, de 1914, e “Além do princípio do prazer”, de 1920), será refeito o itinerário das “sínteses do tempo”, presentes na obra _Diferença e repetição_, apontando para uma noção positiva de repetição – sem, contudo, incorrer às figuras do Mesmo e ao primado da representação. Uma “repetição complexa”, que se faz acompanhar de uma “diferença pura”, cuja temporalidade mais adequada é aquela própria à lógica da multiplicidade, isto é, um tempo “não-reconciliado”, parafraseando a expressão de Peter Pál Pelbart.