Abstract
Cultura escrita, alfabetização e escolarização assinalam uma longa Modernidade de mais de quatro séculos na História do Mundo Ocidental. A cultura escrita congrega informação, conhecimento, pensamento, acção. A aculturação escrita constituiu condição e factor de conhecimento, cidadania e humanitude. Desde finais da Idade Média com a difusão do papel e a mecanização da tipografia, o mundo da leitura alterou-se, em reflexo da maior divulgação do livro impresso. Na transição do Antigo Regime a leitura e a escrita eram práticas usuais na esfera do Estado e da administração pública e tornavam-se condição de cidadania. No decurso de Oitocentos a progressiva universalização da alfabetização escolar e a constituição da esfera pública beneficiaram de novos avanços técnicos no mundo editorial, na vulgarização do livro, na disseminação de periódicos, na criação de bibliotecas. No decurso do século XX, a cultura de massas através do livro do áudio e do cinema trouxe a omnipresença da leitura. Os índices de leitura cresceram até final do século, mas desde as décadas de oitenta que o digital e os novos modos de ler só em parte vêm suprindo a desvalorização das formas tradicionais de cultura e leitura. Traçarei uma panorâmica destes quatro séculos de aculturação e sociabilidade pela leitura e pela escrita.