Cognitio 20 (1):62-76 (
2019)
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Abstract
O trumpismo nos Estados Unidos, assim como outras erupções populistas ao redor do mundo, demonstra que valores fundamentais herdados pelo Iluminismo são muito menos seguros no Ocidente do que fora presumido. Estima pela racionalidade e conhecimento objetivo e o respeito pela liberdade individual vem sendo enfraquecidos pela dissolução da sociedade em facções intransigentes. O abandono de princípios centrais que por muitas gerações serviram como base comum para a civilização Ocidental, fragmentou a sociedade Ocidental em campos aparentemente irreconciliáveis, não mais sujeitos a uma mente comunal compartilhada. Como pode suceder que uma sociedade governada por uma mente social compartilhada, e já estabelecida de longa data, sumariamente se fragmenta em campos, de opinião muito diferentes, claramente sob a influência de princípios discrepantes? Seriam a desintegração de ideias e a dissolução da mente, consequências inevitáveis de conteúdo mental proliferante, de entropia intelectual talvez até inerente? Guiado pela semiótica de Peirce e pela filosofia da mente, e utilizando a chacoalhada provocada pelo Trump na vida social e político dos EUA como exemplo ilustrativo de um cismo cultural profundo, considerarei algumas possíveis causas estruturais de um crescente sectarismo e abordarei as condições semióticas que explicariam a desintegração da mente social.