Abstract
Recuperamos, na esteira de trabalhos apresentados e publicados nos anais das edições 38, 39 e 40 das Reuniões Anuais da Anped, textos que abordam a escola, a educação popular, seus cenários e personagens, na periferia e no campo. Textos que observam a escola que temos e que enunciam pesquisas e propostas para a aquisição e partilha de conhecimentos de forma mais horizontalizada e dialógica. São olhos e olhares para o passado com vistas ao futuro, que na presente proposta de texto somos levados a pensá-los em paralelo às figuras mitológicas de Jano e Sankofa. Partindo do diálogo, passando pela compreensão da não-neutralidade das práticas, pela formação docente permanente, pelo trabalho constante com a diferença, e chegando à reflexão decolonial e contra-hegemônica, os debates presentes nos textos em questão pensam e abordam os limites e possibilidades atravessados pela escola, na tentativa de erigir uma escola mais democrática, humana e afeita à vida. O presente artigo partiu da revisão bibliográfica das publicações do GT6 nos três últimos encontros anuais (2017, 2019 e 2021), aplicando-se sobre eles filtros relativos à escola pública e à educação popular. Buscaram-se confluências, similaridades ou mesmo divergências que apontassem a emergência de um novo paradigma de educação, destoante do modelo hegemônico, afeito às virtudes de uma civilização orientada para o neoliberalismo, para a competitividade e para as necessidades do mercado. Indícios sugestivos nos levam a crer que assuntos caros à educação popular, como questões de gênero e localidade ganharam mais protagonismo, em momentos de forte ataque à escola pública e à educação progressista.