Educação Superior e sociedade do conhecimento: entre as orientações econômicas e pedagógicas do Banco Mundial na década de 90
Abstract
A década de 90 e o início do século XXI estão marcados por reformas que atingem as estruturas do Estado brasileiro e com ela também a Educação Superior. Reformas que recambiam a noção de direito público à educação, ao conhecimento, à função do Estado, aos financiamentos, regidas pela agência Banco Mundial (BM). Nesse movimento, a terminologia sociedade do conhecimento emerge como fundamento epistemológico condicionando à universidade o papel de produtora de conhecimentos de valor econômico e de consenso. Mobiliza-se, assim, um conjunto de orientações e discursos de agentes nacionais e internacionais para dar legitimidade às reformas tornando a Educação Superior objeto crescente de disputa de mercados e de espaços de resolução de problemas da pobreza e do desenvolvimento. Analisamos documentos nacionais e internacionais e literaturas especializadas para compor nosso debate. Partimos de dados documentais buscando compreender o conjunto das orientações às políticas para o Ensino Superior e as implicações em termos de reformas no País. Defendemos a hipótese de que os conhecimentos são orientados para produzir consenso social por meio de discursos de equidade e desenvolvimento, discursos que encobrem a verdadeira natureza das reformas que se caracterizam pelo monopólio do conhecimento e perpetuação da exclusão social