Abstract
O artigo centra-se na problemática que enlaça biopolítica, direito e resistência em nossopresente, limitando-se, contudo, a tecer apenas algumas breves e sumáriasconsiderações sobre filosofia política, direitos humanos e lutas minoritárias. Inicialevantando algumas questões consideradas relevantes para que se possa pensar, no quetange a essa problemática, possíveis implicações da educação. Tomando como exemploo caso das manifestações que varreram as ruas do Brasil, de junho a outubro do anopassado, assim como alguns efeitos dos protestos contra a Realização da Copa doMundo em 2014, tais indagações questionam o modo como os movimentos minoritáriosconcebem o papel do direito em suas lutas políticas de resistência. Trata-se de sondar,mais especificamente, se tais movimentos privilegiam uma ação política que valoriza,por exemplo, os direitos humanos como estratégia importante emsuas lutas políticas de resistência, ou se, ao contrário, se eles demonstram não apostarmuito num ativismo de cunho jurídico-político e/ou jurídico-filosófico. Em seguida,levanta a possibilidade de a referida problemática vir a ser explorada mediante umdiálogo inventivo e, talvez, inusitado, com filósofos como Michel Foucault e GillesDeleuze, os quais não costumavam demonstrar maiores entusiasmos com as lutas emfavor dos direitos humanos. Levanta-se também a possibilidade de que alguns impassesaí observados talvez se devam ao fato de a relação entre biopolítica, direito e resistênciaser comumente abordada por um tipo de análise filosófico-política ancorada narepresentação clássica, motivo pelo qual comenta algumas formulações de NorbertoBobbio sobre filosofia política, poder e política, tomando esse autor como um exemplode desvalorização de uma micropolítica.