Abstract
Construindo narrativas que conduzem o leitor através em uma vertiginosa rede de citações, o escritor espanhol Enrique Vila-Matas fez de sua prosa um tributo à literatura. Mostramos nesse artigo como aspecto autobiográfico na obra do autor espanhol se alimenta de um cânone particular, de uma metaliteratura. Para isso, analisamos o romance autobiográfico Paris não tem fim (2003) em que o protagonista é – assim como Vila-Matas – um escritor catalão reconhecido que se prepara para uma conferência enquanto relembra os anos que passou em Paris na década de 1970. A essa história principal serão somadas inúmeras evocações à personalidade do escritor norte-americano Ernest Hemingway e à narrativa de seu romance autobiográfico Paris é uma festa (1964). Vila-Matas revisitará o romance de Hemingway para subvertê-lo e confundir a história do autor norte-americano com a história de seu alter ego. Assim, a intrincada estrutura de Paris não tem fim nos leva a uma série de reflexões sobre o autobiográfico e temas congêneres, como o novo romance histórico, a metaficção historiográfica e a autoficção, nomenclaturas contemporâneas que tentam dar conta das relações entre vida e ficção.