Abstract
Partindo do principio de que o surgimento da ciência, vinculada desde a sua origem à filosofia, constitui um dos signos especificos do "espirito europeu", no que Gadamer se aproxima de Husserl, o artigo procura dilucidar em que medida ospressupostos da hermeneutica gadameriana – cujas categorias axiais analisa – esclarecem o pluralismo linguistico que caracteriza a Europa, o qual, por sua vez, funda, pela consciência de alteridade que implica, um expressivo e activo pluralismo cultural. Mostra ainda como "todos nós somos outros e todos nós somos nós mesmos", na medida em que viver a diferença e avaliar a resistência do que é o outro equivale a viver uma nova experiência da própria identidade. Finalmente, dado que a aspiração para a universalidade não se obtém contra o particular e o especifico, mas através destes, o artigo analisa até que ponto o "ideal europeu" de Gadamer converge para uma união, ou seja, para um estado de coisas em que o universal é justamente potenciado pelas diferenças que existem entre as culturas dos povos europeus. /// On the principle that the emergence of science constitutes one of the distinguishing signs of the "European Spirit", this article endeavors to investigate how the presuppositions of Gadamer's hermeneutics sheds light on the linguistic pluralism that characterizes Europe and her consequent sensitivity towards otherness. The article also demonstrates how we at once are ourselves and others to the degree that we experience differences, increasing thus our own sense of identity. Finally, universality is not opposed to the particular and the specific. This is shown in the fact that Gadamer's "European Ideal" points towards a universality nourished by the cultural differences that exist among the peoples of Europe.