Totalitarismo, direitos humanos e biopolítica: nos passos de Hannah Arendt
Abstract
Como crer na eficácia dos direitos humanos, depois que presenciamos, perplexos, a transformação do homem em um animal, nos campos de morte dos governos totalitários? Como apelar para as declarações de direitos humanos que têm nas suas cláusulas o direito à vida e a proclamação da igualdade para todos, quando nos deparamos com o ser humano tratado na sua mais abstrata nudez? Dado esse caráter de descartabilidade da vida, os fundamentos dos direitos humanos devem ser repensados, uma vez que o direito à vida, dito sagrado e inalienável, não consegue amparar o “homem real”, o qual, na modernidade, sofreu com a descartabilidade e superfluidade, demonstrando que o homem protegido pelos direitos humanos era uma abstração. Nossa análise sobre o fenômeno totalitário e a crise dos direitos humanos, tem como pressuposto as esclarecedoras reflexões de Hannah Arendt situadas na terceira parte de Origens do Totalitarismo. Fizemos uso ainda das colocações de Giorgio Agamben, presentes em sua obra Homo sacer I: o poder soberano e a vida nua.