Abstract
O presente artigo pretende analisar os regimes de visibilidade em Michel Foucault, tendo como centro da investigação sua obra Vigiar e Punir: Nascimento da prisão, de 1975. Nesta obra, Foucault se debruça sobre os processos sócio-históricos que levaram a uma mudança no regime punitivo do Ocidente entre o século XVII e início do século XIX, em que um regime de soberania deu lugar a um regime disciplinar. Pretendemos mostrar que, para além de uma mudança no regime punitivo, tal movimento produziu também uma mudança na economia de visibilidade, marcando uma ruptura entre uma visibilidade espetacular centrada na integralidade e ostensividade do visível e uma nova visibilidade panóptica, cujo centro é o princípio de “ver sem ser visto”. Por fim, faremos uma análise de algumas obras fotográficas do artista norteamericano Trevor Paglen de modo a evidenciar uma contraposição artística ao panóptico contemporâneo a partir de sua inversão funcional dentro do espaço de visibilidade, onde é o próprio dispositivo panóptico que passa a ser visto sem nada ver.