Abstract

O presente artigo está dedicado ao estudo da modificação das condições económicas, sociais e culturais próprias à época do capitalismo globalizado e da pósmodernidade cultural. Esta é uma época em que predomina a incerteza, a velocidade e a falta de estabilidade da consciência. Assim, o artigo pretende mostrar de que modo estes factores exerceram e exercem ainda um forte impacto na conformação actual das Ciências Sociais, salientando-se sobretudo até que ponto, precisamente na medida em que a teoria dá forma às condições sociais nas quais se produz (Sohn Rethel), as novas condições sociais e culturais obstaculizam as possibilidades de abstracção e de sistematicidade. O resultado é que à complexiftcação do objecto "sociedade" se agregou o abrandamento do sujeito epistémico que a estuda, resultando daí em particular uma perda de vigência epistemolôgica da noção de totalidade, bem como uma crescente falta de rigor epistémico e metodológico, para já não falar da perda de capacitação para a crítica no âmbito ideológico. Segundo o autor do artigo, tudo isto está particularmente explícito quer no apogeu dos cultural studies quer no uso indiscriminado do textualismo e do pós-estruturalismo. /// The present article starts with an exposition of the modification in economic, social and cultural conditions operated with the advent of globalized capitalism and cultural post-modernity. It is stressed that the present time constitutes an epoch in which predominates uncertainty, velocity and the lack of stability in consciousness. But the crucial point is that all this had a strong impact in the epistemic form assumed by the Social Sciences. Hence, assuming that theory gives form to the social conditions in which it is produced (Sohn Rethel), the article shows how the new social and cultural conditions constitute an obstacle for the possibilities of abstraction and systematicity. Indeed, the result of all this is that the growing complexity of the object "society" has been followed by a softening of the epistemic subject that studies it. And the consequence is not only a loss of the epistemic pertinence of the notion of totality, but also a loss of epistemic and methodological rigor, not to mention the loss of a critical standing in the sphere of the ideological. The author of the article sees a proof of all this in the apogee of cultural studies as well as in the indiscriminate use oftextualism and post-structuralism.