Abstract
Em Androides sonham com ovelhas elétricas?, Philip Dick recria a visão divina dos infinitos mundo possíveis a partir da perspectiva das criaturas, isto é, a partir da visão dos mundos extintos que lhe aparecem no momento de hesitação garantido pelo livre arbítrio. Minha hipótese é que a passagem dos mundos possíveis no intelecto divino à forma que assumem na indiferença da vontade das criaturas tem uma dimensão geométrica. Pensar a curva do mundo atual a partir da série dos mundos menos perfeitos do Deus leibniziano é pensá-la a partir de suas infinitas retas tangentes, a partir, portanto, de suas distopias, que não são uma contradição em relação a esse mundo, mas tocam-no em algum ponto, são seu máximo desvio a partir de uma mínima diferença.