Os Limites do Projeto Epistemológico de Robert Boyle: as verdades acima da razão
Abstract
Em 1640, quando Robert Boyle tinha 13 anos de idade, ele passou por uma singular experiência religiosa que marcou toda a sua vida e propiciou a sua conversão. A partir dessa época, Boyle conduzirá sua vida no seio da prática cristã. Essa profunda religiosidade, piedade e humildade do pensador irá refletir em toda a sua obra. Dentro desta perspectiva, pretendemos analisar a influência dessa religiosidade e da teologia no seu empreendimento epistemológico. Aqui veremos que seu interesse pela filosofia natural tinha um objetivo mais amplo: conhecer Deus através de suas obras. Assim, sendo um cristão virtuoso, Boyle construiu seu projeto epistemológico levando em consideração o bem estar do próximo, a estrutura do mundo natural e, acima de tudo, o plano divino da criação. Aqui a idéia de curso ordinário da natureza é fundamental, pois nosso filósofo abre lugar para a contingência, o possível e o milagre no âmbito da filosofia natural. Por isso ele aponta limites claros para o entendimento humano; em outras palavras, a razão humana não é soberana. E apontando para esses limites o filósofo abre caminho para a sua teoria da dupla verdade, qual seja, existem verdades de razão e verdades acima ou além da razão