Abstract
RESUMO O presente artigo é fruto de um estudo de doutorado acerca do ethos materno em redes sociais e tem por objetivo refletir sobre a expressão "#maternidadereal, empregada em postagens de internet. À luz do conceito de heteroglossia, de Mikhail Bakhtin, essa observação partirá da ideia de interação, fenômeno basilar e constituinte nas redes sociais. Além disso, o sentido de “real” será ponderado a partir da teoria de Jacques Lacan, para delinear as diferenças entre o discurso hegemônico da maternidade tradicional, de romantização, e o discurso contemporâneo e contra-hegemônico, por meio do qual a maternidade pode ser desabafada em suas dores. Por fim, para se verificar como esses discursos se cruzam na materialidade da língua, cinco posts com a tag #maternidadereal serão analisados, determinando, por meio de suas marcas, a que eixo axiológico eles se filiam. Como resultado, percebeu-se que a ideia de “real” flutua de acordo com a posição-sujeito da mãe que se apropria dela, evidenciando a heteroglossia fundamentadora desses enunciados.