[Coimbra?]: Imprensa da Universidade de Coimbra. Edited by Amândio A. Coxito, Sebastião de Pinho & Andria Patrícia Seiça (
2008)
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Abstract
A Metafísica de Verney propõe-se sobretudo analisar, numa perspetiva empirista, certos conceitos da metafísica tradicional. Aquela perspetiva está presente, por exemplo, na conceção da essência real: esta não é o conjunto de notas fixas manifestadas pela definição, mas o conjunto de todos os atributos concretos dos entes, pelo que a essência real nos é desconhecida; apenas podemos ter conhecimento da essência nominal ou metafísica, ou da que percebemos pela palavra com que significamos uma coisa. Mas as palavras possuem para nós uma significação que é dependente das nossas possibilidades de conhecer. Deste modo, a essência nominal inclui apenas um conjunto de ideias mais conhecidas que supomos constituírem a essência real, conjunto esse que as palavras nos dão a conhecer em função da nossa experiência; mas, sendo esta experiência variável, o conjunto de ideias que ela nos possibilita pode “diminuir ou aumentar”, podendo, por isso, variar a essência metafísica. Esta doutrina de cariz empirista de Verney aparece associada na sua obra a uma crítica contundente da metafísica escolástica e, por outro lado, a uma exaltação das propostas filosóficas dos “modernos”, em particular no domínio da filosofia natural. E isso é realizado através de uma expressão latina muitas vezes elegante, o que significa que o nosso autor se propôs imitar os bons modelos da Antiguidade.