Abstract
Christian Wolff foi o primeiro filosofo que separou a doutrina da alma em duas partes: a "psychologia empirica" e a "psychologia rationalis". Ele deu certa ênfase sobretudo à primeira parte, mais nova e original, que tratava daqueles conhecimentos das faculdades da alma, derivados da observação dos dados da experiência, ao passo que a segunda parte tratava das reflexões sobre a essência e a imortalidade da alma. Em certa medida, a psicologia empírica propunha de proceder segundo um método análogo àquele da física newtoniana e da astronomia kepleriana, baseado num círculo virtuoso entre fatos observados e reflexões teóricas. A importância desta concepção de "experiência" estaria na origem do rápido abandono, nas traduções alemães e franceses, do adjetivo "empírico" – embora ele existisse em francês e alemão – para Erfahrungspsychologie, Experimental-Seelenlehre e Psychologie expérimentale. Astronomia e física newtoniana fascinavam pela capacidade heurística de produzir novos conhecimentos. Então se tratava de deslocar este método da natureza física para o conhecimento do homem. Assim, na segunda metade do século dezoito, assiste-se na Alemanha aos desenvolvimentos de uma "física da alma", como foi definida por Sulzer e Herder. Autores como Johann Krüger, Karl Moritz, Ernst Platner, Marcus Hertz trabalham em projetos de aprofundamento desta pesquisa sobre os "fatos" da alma, dando a estas reflexões psicológicas a consistência de uma antropologia.