Abstract
Este artigo apresenta um exame da crítica proposta por Morton White em seu artigo “Valor e obrigação em Dewey e Lewis”, em particular, a aquela voltada para o conceito de normatividade e valoração de C.I. Lewis. A crítica afirma que Lewis, ao oferecer um caráter normativo dos juízos éticos, malogra ao articular consistentemente a sua concepção ética com a sua teoria do conhecimento. Isso leva White a concluir que o pragmatista não possui uma solução para o problema fundamental da ética. Argumentarei que tal conclusão é equivocada. O núcleo da minha argumentação repousa na tese de que a crítica de White se origina de uma interpretação incorreta do pragmatismo conceitualista de Lewis, falhando em reconhecer que o apriorismo pragmático é a chave para o entendimento adequado de teoria do conhecimento e para uma explicação da conexão e articulação entre valoração e normatividade no interior da abordagem de Lewis. Nesta linha, mostrarei que, muito pelo contrário, a epistemologia de Lewis destaca os desenvolvimentos éticos e normativos, revelando uma teoria naturalística de valoração que é a base na qual a normatividade emerge pragmaticamente. Sustentarei, também, que essa perspectiva oferece uma concepção profícua de valores e normas que não têm sido suficientemente exploradas; algo que confronta o ceticismo ético, podendo levar em conta o status cognitivo de valores e normas, e que recupera o caráter racional da valoração não apenas para a ética, mas, também, para o conhecimento e a ciência.