Abstract
A teoria da informação integrada, proposta inicialmente por Giulio Tononi em 2004 e atualizada em 2014, pretende explicar a experiência consciente por meio do entendimento das ações de elementos dentro de um sistema experimental tal como o cérebro, e o estabelecimento de princípios e operações de mensuração que podem ser utilizados para decidir níveis de consciência. Alguns dos postulados da TII têm muito em comum com a semiótica peirciana. Entre esses estão a presença de operações hierarquizadas recursivamente, a importância de estruturas relacionais na formação da experiência consciente, a dicotomia sujeito/objeto, e uma instância objetivista que requer um sistema que seja verdadeiramente afetado para que a consciência ou a semiose avance. Entretanto, problemas desafiadores confrontam alguém que espera encontrar uma tradução entre os dois programas, em especial, com respeito aos conceitos fundacionais de tempo e continuidade. Argumento que é possível transpor os problemas de tempo e continuidade através de dois movimentos. Primeiro, apresento a noção de dwell, um período do real, se indeterminado, duração na semiose, durante a qual um juízo ou tentativa de conclusão é atingido. Em segundo, com respeito à continuidade, argumento que uma análise de um sistema de interpretação não possui a pureza ontológica do sistema que ela tenta entender. Em vez disso, qualquer avaliação analítica de um sistema de interpretação deve ser considerado corte sintético e expediente dentro do continuum. Assim, o continuum da experiência permanece não afetado mesmo que a de entendimento do continuum aconteça através de tais estruturas analíticas artificiais. O valor de TII de “emaranhamento” e a semiótica peirciana é que a semiótica pode ser vista como um esquema estrutural que mapeia o território conceitual da experiência consciente para a qual os princípios e mensurações de TII, por sua vez, fornecem ferramentas úteis de compilação de dados empíricos.