Abstract
Lacan é um psicanalista cujo intenso diálogo com a filosofia tornou-se um dos traços distintivos de seu pensamento, ao mesmo tempo, contudo, em que concorda com a recusa freudiana da filosofia e muitas vezes assume posições marcadamente antifilosóficas. Este artigo propõe-se a discutir essa aparente contradição e sugerir que o uso que Lacan faz de suas referências filosóficas talvez possa ser melhor compreendido no contexto de uma concepção sobre a natureza metafórica da teoria psicanalítica que subjaz à sua reconstrução da psicanálise freudiana.Lacan is a psychoanalyst whose intensive dialogue with philosophy has become a distinctive feature of his thought. At the same time, however, he agrees with Freud's rejection of philosophy and takes often an accentuated antiphilosophical position. This paper sets out to discuss this seeming contradiction and suggests that Lacan's use of philosophical references may perhaps be best understood in the context of a metaphorical conception of psychoanalytic theory which underlies his reconstruction of Freudian psychoanalysis