Abstract
O meu objectivo é apontar as mais relevantes contribuições da Filosofia Grega Clássica para o estudo das relações entre Linguagem e Pensamento. Vejo-as expressas na contínua tarefa de inovação concep-tual que acompanha a tradição grega clássica, desde as suas origens. Co-meço pela concepção de Ser, desenvolvida no Poema de Parménides, mostrando como corresponde à execução de um programa de investiga-ção do real, concebida a partir da evidência proporcionada pela lingua-gem e pensamento. Particular atenção é conferida à emergência da con-cepção de ‘verdade’, implícita em B7.1, como comentário a B6. A recep-ção platónica à teoria do Eleata é referida nas Teorias das Formas e da Anamnese e complementada pela revisão problemática e crítica, do Tee-teto e Sofista. São definidas duas perspectivas estruturantes do real, a pri-meira suportada pela gama conceitual derivada da análise do verbo grego ‘ser’ : “ser”, “essência”, “existência”, “substância”, ”entidade”, “en-te”, “uno”, “todo/tudo”; a segunda refinada pela crítica do ‘pensamento’ e pela desambiguação dos sentidos de einai. Concluo com a crítica de A-ristóteles às concepções platônicas, expressa na sua concepção do Ser, como “dito de muitas maneiras”, apoiada nas teorias articuladoras do pensamento, linguagem e Ser: da construção do universal, a partir da ex-periência; e da significação. Para além da introdução das distinções de “Substância Primeira/“Segunda” e “essên-cia/existência”, nos tratados sobre a linguagem o Estagirita fixa os con-ceitos de “nome”, “discurso”, “proposição”, “verdade/falsidade”, refi-nando concepções difundidas nos diálogos platónicos