Abstract
Interpreto antepredicativamente o argumento de Parmênides na “verdade” do Da natureza. Chamo ‘antepredicativa’ a uma interpretação que, explorando a ausência de sujeito e predicado em “é/não é”, lê os dois caminhos como expressões autoreferenciais, negando às formas verbais usadas o valor de cópulas. Da incognoscibilidade de “que não é” resulta a “decisão de abandonar esse ‘não-nome’ como via de investigação”, “deixando” ‘que é’ como o único [‘nome’]” que “pode ser pensado”. Nesta interpretação, ‘ser’ não é objeto de ‘pensar’, nem pensar’/‘pensamento’ a faculdade que capta o “ser”, mas o estado cognitivo infalível em que “pensamento, pensar e pensado são”. A leitura antepredicativa de Parmênides deixou sinais em textos de Platão, Górgias e Protágoras, alguns anunciando a captação da antepredicatividade pela predicação, nos diálogos platônicos.