Abstract
O objetivo deste artigo é analisar o conteúdo das Cartas 34, 35 e 36 da Correspondência de Espinosa a Hudde. Nele podemos perceber o esforço e engenhosidade do filósofo em conduzir o seu interlocutor a assentir à primeira definição da Ética, a definição de causa sui. Hudde, matemático de formação, se esforça em compreender como o filósofo pode demonstrar que a unicidade de Deus possa ser deduzida exclusivamente do fato de que sua natureza ou essência envolve existência necessária. É através do estatuto causal da definição verdadeira que Espinosa poderá conduzi-lo, e evitar, assim, que caia nos paradoxos do uno e do múltiplo, da distinção real e da numérica. Dada a incapacidade do matemático em assentir à definição genética de Deus, o filósofo o conduzirá a assentir indiretamente à definição através do procedimento de demonstração negativa ou por redução ao absurdo. Esse movimento intelectual explicitará os propria de Deus: a eternidade, a simplicidade, a infinitude, a indivisibilidade, a perfeição e a unicidade.