Abstract
Longe de inferir uma diferença radical de natureza entre o processo de causalidade física e o processo de causalidade psíquica, Schopenhauer faz da possibilidade de analogia entre ambas o procedimento metodológico central da sua filosofia. Para Henri Bergson, entretanto, o distanciamento temporal entre causa e efeito é qualitativo e interpretado como um princípio de liberdade. De fato, contrariamente a Schopenhauer, a argumentação de Bergson vai no sentido de indicar a existência de uma causalidade psicológica enquanto força sui generis, incompatível tanto com a causalidade mecânica ou eficiente quanto com a causalidade inteligente ou finalista. Esse artigo tem o objetivo de demonstrar, a partir dos textos de Bergson, que, por mais que Schopenhauer insista na originalidade da etapa do seu método que interpreta a força através da vontade, ele, na verdade, interpreta a vontade através da força. Espera-se poder mostrar que embora haja em Schopenhauer uma tentativa de retorno ao imediato, esse retorno está corrompido por um “pensamento único” que se brindou em princípio com uma Vontade metafísica da qual se deduz todas as coisas, impedindo assim o filósofo alemão de seguir as verdadeiras ondulações do real.