Abstract
O artigo aqui apresentado faz parte de uma elaboração sistemática de estilos iconográficos e suas respectivas mensagens iconológicas da cultura visual cristã, com foco na arte religiosa devocional. A obra em questão é um interessante exemplo flamengo da linguagem visual católica em uso cem anos depois da reforma protestante e criada, provavelmente, entre a Trégua dos Doze Anos e o início da[s] Guerra[s] dos Trinta Anos. É estudo a gravura Homo moriens de Hieronymus Wierix do ano [1609/1619]. Formalmente, trata-se de um emblema clássico composto por uma Inscriptio, Pictura e Subscriptio. A obra é lida por meio do método iconológico de Erwin Panofsky. Conclua-se que se o tom da narrativa visual não é polêmico ou controverso, mas, pastoral e especialmente sensíveis à necessidade religiosa de pessoas que se encontram no leito da morte. Trata-se de um discurso visual “interno” da igreja, que dá jus às ênfases soteriológicas estabelecidas pelo Concílio de Trento em uma perspectiva de cuidado, construindo certezas, para poder enfrentar a inevitável agonia.