O Estatuto A Priori Da Mec'nica No "tractatus"
Abstract
Aquilo que se poderia chamar de ?epistemologia do Tractatus?, isto é, sua reflexão sobre a ciência e, mais especificamente, sobre a Mecânica, foi alvo de pouca atenção por parte dos comentadores de Wittgenstein, muito embora seja considerável a quantidade de aforismos dedicados ao tema e essa reflexão seja inequivocamente importante para a história da epistemologia no século XX. O que pretendemos fazer aqui ? para além de lembrar esse tema esquecido ? é tão somente levantar um dos problemas que esses aforismos levantam ? o do estatuto a priori da mecânica ?, e indicar a direção geral na qual a sua solução deve ser procurada. Este artigo pretende determinar essa ?direção geral? de forma quase que tão somente negativa, indicando-a ao afastar certas interpretações. Se nos demoramos nessas interpretações , é porque elas fornecem, na sua contraposição à leitura que julgamos correta, uma base para avaliar a contraposição entre linguagem fenomenológica e linguagem fisicalista, tais como concebidas por Wittgenstein em 1929. O interesse de tal exame, assim, extrapolaria a exegese de teses tractarianas e atingiria um dos eixos da ruptura entre o Tractatus e o assim chamado ?segundo Wittgenstein?