Abstract
No final do Lísis. Sócrates emprega o termo “demônios” (daímones), no momento em que se constata a aporia a que chega a investigação sobre a amizade. A propósito de uma recente tradução brasileira do diálogo, que, alinhando-se a uma interpretação tradicional, entende o termo no sentido negativo de “divindades maléficas”, este estudo procura defender tese bem diferente: apesar das aparências, lembremo-nos do célebre “demônio socrático” e veremos aqui o anúncio do fim da discussão sem qualquer coação externa à própria investigação, e sim em virtude de necessidades que são internas a esta. Daí se seguirá que, apesar do final aporético, esse diálogo apresenta certo ensinamento positivo que o distingue dos outros diálogos platônicos de juventude