Abstract
Fernando Gil estabeleceu uma seminal relação filosófica entre a evidência e a alucinação. Como acentua no Tratado da Evidência, “sem por isso ser, a alucinação não é uma representação, o seu conteúdo é uma coisa-em-si”. As representações da alucinação como evidência e da evidência como alucinação tendem a manifestar-se, em termos literários, no que habitualmente se caracteriza como o fantástico. M. Teixeira-Gomes representou os processos literários da evidência alucinatória em termos que parecem mais próximos do pensamento filosófico de Fernando Gil do que da literatura fantástica propriamente dita, situando no mesmo plano de significação o factual, o mítico e o alucinatório como manifestações complementares daquilo que caracterizou como o seu “teatro da alma”.