Abstract
O presente trabalho se propõe a refletir acerca do sofrimento emergido em meio à grave crise sanitária instalada pela pandemia do novo coronavírus (SARS-COV-2), considerando as mudanças nas dinâmicas de vida da população como a adoção de medidas de distanciamento social, quarentena, uso de máscaras, dentre outras contingências que transformaram o cotidiano e o ritmo das existências contemporâneas. O crescente número de casos e mortes, as modificações nas rotinas de casa, trabalho e relações sociais vêm repercutindo na saúde mental das pessoas e desencadeando vários sofrimentos, expressos nas queixas que chegam diariamente aos serviços de acolhimento psicológico.Considerando, assim, a experiência de escuta clínica das pessoas em sofrimento neste período, com o objetivo de refletir sobre os modos de vida e sofrimento que se desvelam em meio ao contexto pandêmico, recorremos ao pensamento do filósofo alemão Martin Heidegger para pensar o tédio e a técnica moderna como os sentidos e afetos que caracterizam e afinam as existências contemporâneas; bem como as suas repercussões nas experiências de sofrimento que se revelam em meio aos novos modos de existência assumidos durante a pandemia de covid-19.