Consequências para o empirismo construtivo da adoção de um padrão internalista na caracterização do processo de observação

In Fátima R. Évora Marcelo Carvalho Jr (ed.), Filosofia da Ciência e da Natureza. Coleção XVI Encontro ANPOF. São Paulo, Brazil: ANPOF. pp. 239-250 (2015)
  Copy   BIBTEX

Abstract

Discutindo acerca das centenas de detecções de planetas extrassolares, que supostamente aconteceram desde 1989 e que ele considera (incorretamente) como instâncias de observações, Peter Kosso disse, justamente, que segundo os parâmetros de Bas van Fraassen esses objetos celestes seriam observáveis. Ora, tais astros poderiam sem dúvida ser observados diretamente (sem a necessidade de instrumentos), nas condições apropriadas. Mas, acrescenta Kosso, “esse tipo de epistemologia externalista, que permite que a justificação se baseie em informação que não temos a disposição (nós não estamos em condição de ver planetas extrassolares a olho nu [atualmente]), não ajuda a decidir quais particulares afirmações científicas garantem a crença” (Kosso 2006, 225, nota 1). Van Fraassen provavelmente incorre em uma petição de princípio não muito diferente daquelas que ele muitas vezes desmascarou em textos de autores realistas, quando apela para o fato de o objeto detectado ser observável, para atribuir o estatuto de ‘observação’ a uma certa detecção. O ponto é, mais uma vez, entender o que vale como observação, particularmente quando isso envolve o uso de algum instrumento. Endossar aquilo que Otávio Bueno chama de ‘padrão internalista’ parece garantir solidez à qualificação de determinadas ações como observações. Uma das principais consequências dessa adoção é que tal critério, não operando nenhuma distinção relevante entre detecções ‘diretas’ e detecções mediadas por instrumentos, permite que a linha que separa observáveis e inobserváveis seja traçada de maneira diferente de como van Fraassen acredita que deveria ser, abarcando, entre os observáveis, mais (tipos de) entidades do que esse parece estar disposto a admitir.

Links

PhilArchive

External links

Setup an account with your affiliations in order to access resources via your University's proxy server

Through your library

Similar books and articles

Qual ontologia para o empirismo construtivo?Alessio Gava - 2014 - Princípios: Revista de Filosofia 21 (35):413-427.
Empirismo dogmatico ed empirismo ipotetico.Armando Plebe - 1959 - Giornale Critico Della Filosofia Italiana 13:202.
Husserl y el antirrealismo (¿o realismo?) científico.Juan Carlos Aguirre-García - 2014 - Kriterion: Journal of Philosophy 55 (129):287-308.

Analytics

Added to PP
2017-12-18

Downloads
334 (#59,670)

6 months
65 (#72,907)

Historical graph of downloads
How can I increase my downloads?

Author's Profile

Citations of this work

No citations found.

Add more citations

References found in this work

Nicomachean ethics.H. Aristotle & Rackham - 2002 - New York: Oxford University Press. Edited by C. J. Rowe & Sarah Broadie.
Every thing must go: metaphysics naturalized.James Ladyman & Don Ross - 2007 - New York: Oxford University Press. Edited by Don Ross, David Spurrett & John G. Collier.
Reason, Truth and History.Hilary Putnam - 1981 - New York: Cambridge University Press.
Naming and Necessity.Saul Kripke - 1980 - Philosophy 56 (217):431-433.

View all 77 references / Add more references