Abstract
O artigo explora a relação entre fenomenologia e hermenêutica a partir da estrutura responsiva da subjetividade humana. Mesmo em sua proposta de um “retorno” ao mundo da vida, Husserl não abre mão de um eu constituinte que, ao realizar a redução, parece suspender o movimento real da vida e da linguagem. Como pode o mundo como solo fundador ser algo constituído pelo ego? Eis o paradoxo: para se recuperar o solo fundador de toda ciência é fundamental reconhecer a pureza transcendental do ego constituinte. A pergunta que colocamos, no entanto, é esta: a referida “pureza” transcendental significa um empecilho à abertura dialógica proposta pela hermenêutica filosófica? Cumpre mostrar que não, pois, pensadas a partir da unicidade respondente, fenomenologia transcendental e atitude dialógica tornam-se modelos teóricos que, mesmo muito diferentes um do outro, fecundam-se ou se enriquecem mutuamente.