Abstract
Opresente estudo pretende demonstrar o perspectivismode Nietzsche enquanto rigor hermenêutico. Este é o da hermenêutica contemporânea,como é colocada por Heidegger, enquanto pensamento pós-metafísico.Distinguindo-se da Metafísica e das ciências positivas, a hermenêutica não ofereceuma teoria geral sobre o ser, mas propõe a interpretação histórica do seusentido; e tal interpretação não se pretende exata como as pesquisas dasciências positivas, mas busca o rigor do pensamento reflexivo. Contudo, oprincipal problema surge quando o próprio Heidegger compreende o pensamentonietzscheano como ainda metafísico, colocando a vontade de poder como uma teoria geral do ser, ainda refém doplatonismo como sua mera inversão. No entanto, ver-se-á que essa interpretaçãoé questionável e que, em verdade, a noção de vontade de poder não é umprincípio metafísico, mas, ao invés disso, o que justamente aproxima Nietzschedo autor de Ser e Tempo, uma vez que ela é a disposição do homem parainterpretar o mundo. Tal caráter não metafísico do conceito nietzscheano é oque caracteriza o seu perspectivismo,que não é um relativismo, justamente em virtude do rigor em relação ao sentidohistórico. Esta aproximação, ademais, é corroborada por Gianni Vattimo, em um capítulo do seu livro Diálogos comNietzsche, denominado "Nietsche, intérprete de Heidegger".