Abstract
Falar sobre os fins da arte, hoje, significa questionar a relação entre a produção teórica sobre as artes e os desafios que lhe foram colocados nas últimas décadas. Desafios como o avanço da tecnologia em campos antes inimagináveis, a construção de novas formas de perceber a natureza e o corpo ou a necessidade de conscientização acerca da crise das estruturas tradicionais de teorias e histórias da arte. No intuito de levar a sério o famoso, porém não esgotado hermeneuticamente, diagnóstico hegeliano sobre o fim da arte – que a situa como “algo do passado” –, os textos deste dossiê ultrapassam a tese do filósofo, indo além da simples constatação de um deslocamento no modo de expressar interesses culturais e histórico-sociais. Ademais, não podemos negligenciar outros sentidos que o fim da arte possui, para além da tese hegeliana. Por esse motivo, a formulação da questão exige a pluralização dos “fins” da arte, que podem também remeter-se ao nascimento da arte bela, ou seja, da arte livre de fins determinados. Dando continuidade à tese kantiana, alguns textos colocam em xeque o tipo de finalidade que subjaz à arte e à criatividade do artista.