Abstract
O artigo tem o propósito de problematizar a designação de “realismo fantástico” geralmenteatribuída ao estilo literário de Franz Kafka. Isto se faz de modo a questionar a presença docomponente fantástico na própria realidade, interrogando pelos pressupostos fundamentais em jogona composição de realidade e fantasia. O presente problema, e outros que dele derivam, pretendeser respondido não apenas diante da consideração dos escritos do autor tcheco, especialmente noconto A Metamorfose, mas na interface da filosofia de Martin Heidegger. O filósofo alemão nosoferece, em sua obra Ser e tempo, elementos para darmos os seguintes passos: delimitar o lugar dohomem a partir da constituição singular do espaço de transcendência que o mundo é; considerar asexperiências de singularidade e aversão em face da noção de poder-ser; abordar as assim chamadas“metamorfoses do corpo” e como tais transformações físicas do personagem impõem-lheconcomitantemente uma mudança do seu próprio modo de ser.