Abstract
Este artigo, fruto duma primeira fase de investigações sobre a expurgação dos livros impressos iniciadas em 2011, adopta um ponto de vista e uma terminologia diferentes dos tradicionais. Instaurando decididamente uma distinção entre macro e microcensura, pretende estabelecer os fundamentos da análise dos fenómenos microcensórios, isto é, as modificações efectuadas nos livros em conformidade com as directivas oficiais fixadas pelo Santo Ofício. Este padrão metodológico, baseado na análise de dois corpus – de um lado os índices de livros proibidos e expurgados impressos nos séculos XVI e XVII, e do outro os livros alvo de censura –, visa organizar um estudo sistemático dos fenómenos de expurgação, geralmente menos explorados do que os da proibição pura e simples dos livros. Dois fundos de livros antigos de Coimbra (Biblioteca Geral e da Faculdade de Medicina) foram examinados, limitando-se a análise a obras de médicos portugueses.