Abstract

Este artigo trata das mudanças ocorridas no universo religioso católico da Diocese de Nova Iguaçu, localizada na Baixada Fluminense, região metropolitana do Estado do Rio de Janeiro, conhecida pela situação de pobreza e pela violência, em especial por ação de grupos de extermínio. O evento que serve de base para investigamos tais mudanças ficou sendo denominado de Chacina da Baixada, que deixou 29 pessoas mortas e uma ferida no bairro da Posse em Nova Iguaçu. A diocese prontamente se mostrou solidária com as famílias das vítimas, cobrando desde o primeiro momento providências das autoridades locais. Entretanto, as visões sobre o envolvimento eclesial se dividem conforme a proximidade dos agentes religiosos, em especial os leigos, da área física dos assassinatos. Assim, os que residem e trabalham pastoralmente mais próximo à localidade apresentam reticências, silêncios e receios não apresentados por leigos entrevistados de outras localidades. Percebemos que, embora haja consenso quanto à necessidade de mobilização da Diocese quanto ao caso, as percepções são abaladas pelo medo que constantemente rege as experiências cotidianas dos moradores daquela região