Abstract
Este artigo pretende discutir a concepção de aparência desenvolvida por Hannah Arendt na obra A Vida do Espírito (1977), tendo em vista a centralidade da questão como elemento inicial da reflexão sobre as atividades do espírito. Inicialmente, o texto discorre sobre parte dos atravessamentos teóricos presentes na interpretação arendtiana da aparência, concentrando-se no conteúdo de referência em Martin Heidegger. Como resultado, ocorre um afastamento realizado pela autora em relação à metafísica tradicional, e tal postura crítica será compreendida a partir do diálogo com Heidegger e Kant. Assim, na sua transversalidade com a faculdade do pensar e com o ser em geral, entende-se que a crítica à metafísica é consequência direta da concepção de aparência proposta pela autora. Por fim, uma breve elucidação metodológica do conteúdo de A Vida do Espírito será apresentada, com o intuito de justificar seu caráter interpretativo baseado no método fenomenológico-hermenêutico aos moldes heideggerianos, em detrimento de uma descrição fenomenológica de inspiração husserliana.