Abstract
A alimentação é uma necessidade de todo o ser vivo, que só pode lutar contra a morte e crescer integrando no seu corpo elementos seleccionados do mundo exterior a que se chama alimentos. Como tantas outras necessidades vitais, a alimentação não pôde eximir-se à interferência religiosa, sob a forma de tabus e outros tipos de restrições, quer para evitar a infracção destas normas sob a forma de pecado, quer para tributar à divindade uma homenagem de latria sob a forma de sacrifícios, quer ainda para compensar o prazer haurido da manducação. E assim se impuseram restrições alimentares e ritos, inicialmente sacrais, muitos dos quais subsistem sob formas de protocolo às vezes bem complicadas. Estas interdições versaram sobre certos tipos de alimentos considerados “impuros” e determinados troços do calendário considerados “de penitência”. Muitas destas normas ainda subsistem, outras perderam-se, mas outras há que nasceram (ou renasceram) como cogumelos.