A Primeira carta de Paulo aos Tessalonicenses tem como tema principal a escatologia, a parusia do Senhor. Paulo para esclarecer as dúvidas da comunidade acerca do destino dos mortos e da realização do encontro definitivo com Cristo, evidencia também alguns aspectos trinitários da pregação primitiva da comunidade cristã, pois toda obra de salvação, desde a criação até a escatologia, é trinitária. O presente artigo parte de uma análise dos termos relacionados às três pessoas da Trindade em 1Ts para enfatizar, (...) assim, uma visão global acerca da Trindade no mais antigo escrito cristão, evidenciando também a visão antropológica tripartida apresentada por Paulo no final da carta. (shrink)

Objetiva-se neste artigo apresentar a religião à luz da fenomenologia hermenêutica heideggeriana, cujo centro é a faktische Lebenserfahrung , elaborada por Martin Heidegger (1889-1976) nos primórdios de sua obra. Para atingir esse objetivo, serão tomadas três obras do filósofo alemão: Phänomenologie des Religiösen Leben s , de 1920-21; Phänomenologische Interpretationen zu Aristoteles , de 1921-22; e Ontologie. Hermeneutik der Faktizität , de 1923. Delas serão inferidos os conceitos de fenomenologia, de hermenêutica e de facticidade, que fundamentam outros conceitos importantes, tais (...) como mundo, história, fenômeno e experiência. Em seguida, será apresentado o modo como, em três experiências cristãs, o filósofo desenvolve esses conceitos na análise da religião: as cartas paulinas aos Gálatas e aos Tessalonicenses, o livro X das Confissões de Agostinho e a mística medieval. Com isso, conclui-se que a religião é experiência religiosa, desenvolvida em meio à vida fática, com todas as suas tensões, inquietações e projeções. A religião é, então, experiência do divino no locus fático da vida em que a existência encontra seu próprio sentido. Palavras-chave : Fenomenologia. Hermenêutica. Faktische Lebenserfahrung .: This article aims to present religion in the light of Heidegger’s hermeneutic phenomenology, based on the faktische Lebenserfahrung developed by Martin Heidegger (1889-1976) in the early writings of its work. To achieve this goal, three works of the German philosopher will be taken into account: Phänomenologie des Religiösen Lebens from 1920-21, Phänomenologische Interpretationen zu Aristoteles de 1921-22 e Ontologie. Hermeutik der Faktizität de 1923. From these works, it will be inferred concepts of phenomenology, hermeneutics and facticity, that underlie other important concepts such as world, history, phenomenon and experience. Afterwards, the way how this philosopher develops these concepts in the analysis of the Christian religion will be presented through three Christian experiments: the Pauline letters to the Galatians and Thessalonians, the Book X of Augustine Confessions and the medieval mysticism. Finally, this article points out that religion is religious experience developed through factual life, with all its tension, anxieties and projections. Religion is then the experience of the divine in the factual locus of the life in which the existence finds its own meaning. Keywords : Phenomenology. Hermeneutics. Faktische Lebenserfahrung. (shrink)

RESUMO O artigo trata da apropriação fenomenológica das epístolas aos Tessalonicenses levada a termo por Martin Heidegger em sua prelação do semestre de inverno de 1920-1921 intitulada “Introdução à Fenomenologia da Religião”, quando era assistente de Edmund Husserl na Universidade de Freiburg. A preleção foi publicada pela primeira vez no quadro da Edição Integral das obras de Heidegger em 1995. No artigo considerarei especialmente a noção de temporalidade escatológica a partir da análise do fenômeno cristão da παρoυσíα fora do (...) contexto do sercrente e de sua consequente fundamentação teológica. Portanto, a proposta do presente estudo sobre o jovem Heidegger consistirá, em primeiro lugar, no “status quaestionis” da pesquisa sobre a referida preleção acadêmica e sua relação com o Denkweg de Heidegger. Em segundo lugar, destacarei a peculiaridade da leitura das epístolas de Paulo no contexto de uma abordagem fenomenológica a partir do conceito de “pré-compreensão” no sentido de que há um sentido a ser procurado em um fenômeno sem ainda determiná-lo teoricamente. Esta categoria metodológica indica um horizonte para o qual é preciso avançar realizando uma metamorfose do si. Em terceiro lugar, examinarei o §26 da segunda parte da mesma preleção acadêmica que versa sobre a “expectativa da parusia” no Cristianismo das Origens para explicitar especialmente as conexões entre historicidade e modalidade da vida autenticamente vivida, bem como a estrutura da temporalidade vivida pelo Cristianismo das origens: “a experiência fática da vida é histórica. A religiosidade cristã vive a temporalidade como tal”. ABSTRACT The article deals with the phenomenological appropriation of the epistles to the Thessalonians carried out by Martin Heidegger in his lecture of the winter semester of 1920-1921 entitled "Introduction to the Phenomenology of Religion", when he was assistant to Edmund Husserl at the University of Freiburg. The lecture was first published in the context of the Integral Edition of Heidegger's works in 1995. In the article, I will especially consider the notion of eschatological temporality from the analysis of the Christian phenomenon of the παρoυσíα outside the context of the believer and its consequent theological foundation. Therefore, the proposal of the present study on the young Heidegger will consist, in first place, in the "status quaestionis" of the research on the said academic lecture and its relation with the Denkweg of Heidegger. In second place, I will highlight the peculiarity of the reading of Paul's epistles in the context of a phenomenological approach from the concept of "pre-comprehension" in the sense that there is a meaning to be sought in a phenomenon without yet determining it theoretically. This methodological category indicates a horizon for which one must advance by performing a metamorphosis of the self. In third place, I shall examine § 26 of the second part of the same academic lecture dealing with the "expectation of the parusia" in Christianity of Origins in order to explicate especially the connections between historicity and modality of an authentically lived life, as well as the structure of temporality experienced by Christianity of the origins: "the factual experience of life is historical. Christian religiosity lives temporality as such". (shrink)

Na sua Fenomenologia da vida religiosa de 1920/21 Heidegger explicita a compreensão originária da temporalidade que encontra na experiência fáctica da vida do cristianismo primitivo tal como aparece nas Cartas de S. Paulo aos Tessalonicenses e Gálatas. Essa explicitação permite a Heidegger reinterpretar a ontologia a partir do horizonte da compreensão temporal da existência humana. Esta reinterpretação apoia-se implicitametne numa nova compreensão do ser de Deus que Heidegger não tematiza, mas que é exigida pela interpretação fenomenológica da existência humana (...) realizada a partir do texto bíblico. O presente artigo pretende ainda mostrar até que ponto a postura heideggeriana da fenomenologia da religião deixa como desafio a reinterpretação do ser de Deus a partir do horizonte de compreensão determinado pela concepção analógica da temporalidade pressuposta pelo texto bíblico como discurso que fala da ordem fenoménica em que Deus se manifesta. /// In his Phenomenology of Religious Life from 1920/21 Heidegger explains the original understanding of temporality he finds in the factical life of primal Christianity as it is referred to in some letters of Saint Paul. This explanation allows Heidegger to put forward a new interpretation of ontology from the horizon of temporal understanding of human being. However, this new ontological interpretation implicitly rests on a new understanding of God's being, which Heidegger does not explicitly address as it is required by his own phenomenological interpretation of human being'obtained from the biblical text. Purpose of the present paper is also to show that Heidegger's phenomenological approach to religion challenges us to develop a new understanding of God's being from the horizon provided by an analogical comprehension of temporality presupposed in the biblical text when it is read as a discourse on the phenomenological realm where God appears. (shrink)

Na sua Fenomenologia da vida religiosa de 1920/21 Heidegger explicita a compreensão originária da temporalidade que encontra na experiência fáctica da vida do cristianismo primitivo tal como aparece nas Cartas de S. Paulo aos Tessalonicenses e Gálatas. Essa explicitação permite a Heidegger reinterpretar a ontologia a partir do horizonte da compreensão temporal da existência humana. Esta reinterpretação apoia-se implicitametne numa nova compreensão do ser de Deus que Heidegger não tematiza, mas que é exigida pela interpretação fenomenológica da existência humana (...) realizada a partir do texto bíblico. O presente artigo pretende ainda mostrar até que ponto a postura heideggeriana da fenomenologia da religião deixa como desafio a reinterpretação do ser de Deus a partir do horizonte de compreensão determinado pela concepção analógica da temporalidade pressuposta pelo texto bíblico como discurso que fala da ordem fenoménica em que Deus se manifesta.In his Phenomenology of Religious Life from 1920/21 Heidegger explains the original understanding of temporality he finds in the factical life of primal Christianity as it is referred to in some letters of Saint Paul. This explanation allows Heidegger to put forward a new interpretation of ontology from the horizon of temporal understanding of human being. However, this new ontological interpretation implicitly rests on a new understanding of God’s being, which Heidegger does not explicitly address as it is required by his own phenomenological interpretation of human being obtained from the biblical text. Purpose of the present paper is also to show that Heidegger’s phenomenological approach to religion challenges us to develop a new understanding of God’s being from the horizon provided by an analogical comprehension of temporality presupposed in the biblical text when it is read as a discourse on the phenomenological realm where God appears. (shrink)