O conceito de força exerceu um papel central nas transformações que ocorreram na ciência física na passagem do século XVII para o século XVIII. A forte reação ao sistema mecanicista elaborado por Descartes, no qual não havia propriamente um lugar para esse conceito, levou ao surgimento das teorias dinâmicas que, tais como as de Leibniz e Newton, tiveram forte influência no desenvolvimento da história natural setecentista. Uma vez que a biologia se constituiria como um conjunto autônomo de conhecimentos apenas cem (...) anos mais tarde, a partir das obras de Lamarck e Darwin, os naturalistas daquela época buscavam ainda os meios de circunscrever e determinar o domínio específico dos fenômenos vitais. Nesse sentido, muitos deles importaram a noção de força da física clássica para suas teorias, a fim de que pudessem de algum modo determinar, ainda que mediante uma simples analogia, o elemento "incognoscível" da natureza orgânica. (shrink)

O presente artigo traz um estudo comparativo das obras de Herder e de Kant, no qual se pretende mostrar como cada um deles compreendia as relações entre o discurso próprio da ciência e o discurso próprio da filosofia. A fim de elucidar as especificidades de cada um desses dois tipos de discurso nas obras de ambos os autores, assumiremos, como ponto de partida de nossa análise, a diferenciação entre "explicar" e "interpretar" feita por Gerard Lebrun, em uma passagem de seu (...) livro Kant e o fim da metafísica. Veremos, por um lado, de que modo Kant procura demarcar os limites entre o discurso "explicativo" próprio do conhecimento científico e o discurso "interpretativo" próprio do saber filosófico; e, por outro, como Herder dissolve essa distinção entre os dois tipos de discurso ao afirmar a existência de uma continuidade entre as faculdades da mente humana. (shrink)