«A excepção Derrida – o “eleito secreto” dos animais» pretende sobretudo evidenciar três questões fundamentais de todo interligadas: 1.) Sem a reificar numa filosofia teórico-sistemática, destacar a Desconstrução de Derrida como um “idioma filosófico” – o da différance ou da alteridade absoluta – dotada de pressupostos “teóricos” específicos (khôra, messiânico); 2.) Destacar e esclarecer o significado da “excepção derridiana” no tocante à questão do animal e da animalidade no contexto da sacrificialista ocidentalidade filosófico-cultural; 3.) Destacar a relevância da questão do (...) animal para repensar, em novos termos, a questão do próprio humano/sujeito – ainda essencialmente estruturado à luz de uma subjetividade metafísica –, sublinhando a inestimável contribuição da Desconstrução para repensar a eventual excepcionalidade do humano entre os viventes e para levar a bom termo a guerra pela compaixão, contribuindo assim para o surgimento de novas Luzes para a promessa do “por-vir” [«à-venir»] de uma outra humanidade e, consequentemente, de uma outra civilização. (shrink)

Seguindo de perto o traço deixado em aberto pelo pensamento de Jacques Derrida, a autora do presente artigo começa por sublinhar os limites da hospitalidade universal (der allgemeine Hospitalität) de Kant. Com efeito, o artigo pretende demonstrar até que ponto estes limites, apesar do espírito das Luzes que inspira Kant, lhe advêm dos seus próprios fundamentos ontoteológicos e jurídico-políticos, em virtude dos quais essa hospitalidade universal deixou de corresponder às urgências do nosso hoje cataclísmico. Num segundo momento, a autora tenta (...) igualmente mostrar de que modo a hospitalidade incondicional, tal como Derrida a pensa e a oferece à nossa reflexão, se descobre justamente como o passo em frente que comuta a hospitalidade cosmopolita de Kant ao mesmo tempo que constitui oportunidade para pensar e pôr em obra uma nova ordem política e jurídica mundial, de que a democraciaporvir ou a nova Internacional democrática constituem a promessa. Uma promessa igualmente traduzível pelo conceito mais recente de altermundialização. (shrink)

Ce texte privilégie les motifs de la mort et de la peine de mort re-pensés à partir de la temporalité (messianique) dans l’intention de soulever un trait de l’Auseinandersetzung qui a dicté et toujours aimanté le rapport de Jacques Derrida à la pensée de Heidegger. On s’efforcera de déceler et remarquer ce qui soustrait la déconstruction derridienne non seulement à la Destruktion heideggérienne mais aussi à la mémoire gréco-abrahamique dont elle a su bien hériter en devenant un idiome philosophique exceptionnellement (...) unique dans le contexte de l’occidentalité philosophico-culturelle dans son combat insurrectionnel pour la lumière des Lumières à venir. Une exceptionnalité qui se marque dans la ténacité de sa déconstruction des symptômes et des figures du « carno-phallogocentrisme » de cette tradition gréco-abrahamique, dont la peine de mort est peut-être le signe majeur. (shrink)

Este breve ensaio tenta enunciar as razões teórico-filosóficas pelas quais a ambiguidade é também o timbre da justiça no âmbito do pensamento e da obra de Emmanuel Lévinas, enunciando igualmente as implicações de uma tal ambiguidade no campo do instituído. Palavras-chave: Lévinas, Justiça, Ética, Outro, Terceiro.

Texto de uma conferência proferida na abertura do Colóquio internacional Derrida Lectures – 2016, In memoriam Jacques Derrida: A Universidade por vir – Soberania, Solidariedade, Hospitalidade, onde se defende que, «eminentemente criativo e libertador» e animado de justiça, o pensamento desconstrutivo de Jacques Derrida é talvez o único à altura de responder responsavelmente às urgências e aos desafios do nosso hoje sombrio: nele se mostra como, em nome da incondicionalidade, singularmente distinta da soberania, ele apela a Universidade à responsabilidade de (...) se re-‑pensar e de se posicionar como instituição igual a nenhuma outra no mundo, a fim de, no espírito da sua vocação, da sua missão e do seu conceito permanecer um último lugar de resistência e um foco de luz para as Luzes de outras Humanidades e de um outro mundo de Luzes por vir. (shrink)

Este texto começou por estruturar uma conferência proferida no IX Ciclo ECATI sob o título A Constelação do Planetário – estava em questão referir como o cosmopolitismo repensado por Jacques Derrida tenta responder à exigência de se «pensar sob o modo da constelação», salientando as implicações desta exigência no plano do instituído. Desenvolvido e fundamentado, este texto tenta agora mostrar como, salientando os limites, as impotências e as graves deficiências do cosmopolitismo, a partir do levantamento dos seus pressupostos teórico-‑filosóficos de (...) índole metafísica, Jacques Derrida o re-‑pensa em termos de alter-‑mundialização por vir. (shrink)

At his last conference in France, on 8 June 2004, in Strasbourg, under the title “Le souverain bien – ou l’Europe en mal de souveraineté”, Jacques Derrida (1930-2004), always very concerned about Europe and about the future of Europe, dared to admit that he dreamed, without the slightest Eurocentrism or identitarianism, of “a Europe whose universal hospitality and new laws of hospitality or the right of asylum would make it the Noah’s Ark of the 21st century” – since the Bible (...) (Gen. 6-9), Noah’s Ark [Tevat Noah] symbolizing the covenant, that is, Elohim’s alliance with Noah and “every living being” (Gen. 9, 15). Through the problematic of unconditional hospitality – which, as we try to point out, translates the singularity of this biblical alliance as well as underlines the singularity of Deconstruction as a philosophical idiom –, it is the silhouette of this dream of Derrida, as well as its juridical and political scope and implications not only in the European scene but also in the so-called Globalization scene, that we try to sketch here, showing how such a dream deconstructs, that is, denounces and critically re-thinks presumption and violence of the carno-fallo-logo-centric register of philosophical-cultural Westernity. (shrink)

Seguindo de perto o traço deixado em aberto pelo pensamento de Jacques Derrida, a autora do presente artigo começa por sublinhar os limites da "hospitalidade universal" de Kant. Com efeito, o artigo pretende demonstrar até que ponto estes limites, apesar do espírito das Luzes que inspira Kant, lhe advêm dos seus próprios fundamentos onto-teológicos e jurídico-políticos, em virtude dos quais essa "hospitalidade universal" deixou de corresponder às urgências do nosso hoje cataclísmico. Num segundo momento, a autora tenta igualmente mostrar de (...) que modo a hospitalidade incondicional, tal como Derrida a pensa e a oferece à nossa reflexaão, se descobre justamente como o "passo em frente" que comuta a hospitalidade cosmopolita de Kant ao mesmo tempo que constitui oportunidade para pensar e pôr em obra uma nova ordem política e jurídica mundial, de que a "democracia-por-vir" ou a "nova Internacional" democrática constituem a promessa. Uma promessa igualmente traduzível pelo "conceito "mais recente de altermundialização. /// Following closely the traces of Jacques Derrida's thought, the author of the article starts underlining the limits of the "universal hospitality" de Kant. The article aims in the first place at a demonstration of how these limits, regardless of the enlightened spirit of Kant, derive of his onto-teological and juridicalpolitical foundations. According to the author, it is in virtue of these that such "universal hospitality" no longer corresponds to the urgencies of today's crisis. Secondly, the author also shows how the unconditional hospitality of Jacques Derrida can just represent the needed step in order for us to overcome the cosmopolitan hospitality of Kant as much as it constitutes a royal opportunity for thinking and enacting a new political and juridical order for the world, one of which we can find a promise in the "democracy-to-be" or the democracy's "new International". The article makes clear that such promise can be also translated through the more recent concept of altermondialization. (shrink)