Abstract
Este artigo examina algumas aproximações e distanciamentos de Merleau-Ponty em relação à filosofia de Bergson, tendo em vista que Merleau-Ponty parece dividido quanto ao seu parecer sobre a concepção bergsoniana do tempo. Essa oscilação entre crítica e elogio é certamente visível na Fenomenologia da percepção, na qual Merleau-Ponty reconhece que Bergson teria dissolvido a questão do dualismo ao afirmar que “o corpo e o espírito se comunicam pela mediação do tempo”. Entretanto, Merleau-Ponty vai denunciar outra espécie de dualismo bergsoniano, que pretende reencontrar a unidade na multiplicidade por meio do conceito de “multiplicidade de fusão”. Nesse sentido, a metáfora bergsoniana da “bola de neve” procura caracterizar a essência do tempo enquanto duração.