Pascal: condição trágica e liberdade
Abstract
A liberdade, embora se enraíze na perfeição originária da criatura humana, veio, pelo pecado e pela condição corrompida, a tornar-se a expressão do homem separado de si mesmo, porque já na sua primeira ação livre o homem repudiou a imagem de Deus que traz em si. A inquietação a partir daí provocada, em vez de operar o retorno do homem a Deus, perverteu-se no gozo do exílio voluntário e no aprofundamento da liberdade para o mal. É por isso que a vivência do paradoxo que relaciona a liberdade por natureza à escravidão por condição exige que associemos sempre a memória da grandeza perdida à consciência da miséria que livremente abraçamos: em Pascal, nenhum gesto humano pode dar-se fora do contexto trágico dessa situação