Abstract
Uma forte objeção a uma estratégia compatibilista da responsabilidade moral — isto é, à tese de que responsabilidade é compatível com uma explicação causal determinista do mundo — diz que, ao defender a possibilidade de agentes responsáveis determinados causalmente por fatos prévios às suas ações, uma estratégia compatibilista não dispõe dos recursos conceituais necessários para refutar a tese intuitiva de que agentes manipulados tacitamente não são responsáveis por suas ações. Neste artigo, fornecemos uma resposta a esta objeção, sugerindo como uma estratégia semicompatibilista, que apela para a relevância da história causal da formação de estados mentais componentes de deliberações, pode acomodar várias de nossas intuições acerca de casos de manipulação em que estamos dispostos a negar que os agentes em questão sejam responsáveis. Por outro lado, tentaremos também mostrar que, segundo tal estratégia semicompatibilista, certos processos de manipulação tácita revelam casos em que podemos genuinamente atribuir responsabilidade a agentes, a despeito de haver um componente “manipulador” na explicação das suas ações. Por fim, consideraremos a aplicabilidade da estratégia semicompatibilista a um caso específico, discutido na literatura bioética, sobre manipulação genética de traços componentes do perfil de um agente.A strong objection to a compatibilist strategy on moral responsibility — i.e., to the thesis according to whichresponsibility is compatible with a causal deterministic explanation of the world — says that, insofar as acompatibilist strategy claims that agents could be made responsible in spite of the fact that they are causallydetermined by previous facts to their actions, it lacks conceptual resources to reject the intuitive view that covertlymanipulated agents are not responsible for their actions. We provide here a response to this objection by suggestingthat a semicompatibilist strategy, which resorts to the relevance of the causal history in the formation of the mentalstates which deliberations are composed of, can accommodate many of our intuitions about cases of manipulationand about which we are tempted to deny that the agents in question are responsible. On the other hand, we shall try toshow that, as a consequence of the semicompatibilist strategy, there might be some manipulation processesin respect of which we could genuinely ascribe responsibility to agents, regardless of there being a manipulatingcomponent in the explanation of their actions. Lastly, we shall consider the applicability in practice of thesemicompatibilist strategy, and discuss a case mentioned in the literature on bioethics about genetic manipulation ofhuman traits which are constitutive of an agent’s profile