Toda terra é Karbala, todo dia é Ashura: a pedagogia do martírio nas narrativas xiitas e a construção de uma identidade de resistência. 2018. Tese – Programa de Pós-graduação em Relações Internacionais, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG

Horizonte 16 (51):1427 (2019)
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Abstract

Propõe-se nesta tese analisar como as narrativas sobre o martírio de Imam Hussein no deserto de Karbala no ano 680 d.C, pode constituir um tipo de pedagogia, entre os xiitas, e como essa pode influenciar a construção de um tipo de identidade entre eles. Estruturada em cinco capítulos, buscou-se compreender e interpretar a construção da identidade xiita, como religiosa e política, a partir do ensino e aprendizagem da narrativa sobre o martírio de Imam Hussein. Através da pesquisa de campo no Brasil e no Líbano, objetivou-se verificar e compreender como a comunidade xiita ensina e aprende sobre o martírio ocorrido em Karbala. Utilizando-se da metodologia da Teoria Fundamentada nos Dados verificou-se, através da observação participante e de entrevistas semiestruturas, as mobilizações e desdobramentos que o ensino da narrativa sobre o martírio de Imam Hussein gera nessas comunidades. As entrevistas semiestruturadas foram norteadas por três eixos temáticos: 1) a respeito do aprendizado sobre o martírio de Imam Hussein; 2) a respeito do conceito de martírio no Islã; 3) a respeito da importância da narrativa sobre o martírio de Imam Hussein para a comunidade muçulmana xiita e para a sociedade em geral. As entrevistas e as observações do tipo participante foram realizadas na cidade de Foz do Iguaçu, no Brasil, e, no Líbano, na cidade de Beirute e na Aldeia de Mhabib. Família, religião e escola, foram as três instituições de formação de longa duração escolhidas para observação e análise sobre o ensino e aprendizagem dessa narrativa. Interpretou-se que, no momento da lembrança do martírio de Imam Hussein, seja através da celebração anual de seu martírio, seja através do ensino compartilhado, ocorre uma identificação com o sofrimento de Imam Hussein que leva à manutenção e preservação de valores contidos na narrativa. Tais valores são a base para a identificação do grupo, de forma religiosa como xiitas e política como resistentes. Compreendeu-se nessa pesquisa que as três instituições são responsáveis pelo ensino e manutenção dessa narrativa, sendo a instituição família, a primeira instituição a compartilhar e manter esse ensino. Conclui-se que as narrativas sobre o martírio de Imam Hussein e seus companheiros influenciam na construção de um determinado tipo de identidade que se apresenta como religiosa e política. Apesar das distintas formas de ensino e apreensão da narrativa sobre o martírio, pode-se dizer que há uma base comum que permite a utilização dessa como conteúdo pedagógico que alimenta a construção de práticas que dão forma a identidade específica.

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