Abstract
Depois dos anos 60, e especialmente depois da repercussão da obra kunhiana, tornou-se comum a distinção entre o ponto de vista continuísta e o descontinuísta na avaliação do desenvolvimento científico. Kuhn passou a ser visto como o grande descontinuísta ao lado de Koyré e Butterfield e foi considerado o causador de uma grande mudança no modo de se conceber o desenvolvimento da ciência. Em diversas abordagens, a noção de continuidade tem sido, muito frequentemente, equiparada à acumulação, que implica necessariamente a negação da existência de revoluções científicas. Neste trabalho, buscamos mostrar que o emprego dos adjetivos “cumulativista” ou “continuísta” em oposição ao termo “descontinuísta” pode tanto suscitar interpretações equivocadas de visões históricas quanto estabelecer aproximações entre visões bastante distintas. Isso parece claro quando se analisa, por exemplo, as concepções de Sarton, Conant e Kuhn sobre a acumulação, tarefa a que nos propomos. A análise propicia considerações sobre os papeis desses pensadores na história da ciência.