Abstract
O objetivo geral deste artigo é fomentar reflexões filosóficas acerca da presença e dos sentidos da virilidade na sociedade capitalista, especialmente no momento atual em que figuras autoritárias revelam-se fortemente presentes no cenário político do Brasil. Para tanto, este trabalho toma como pano de fundo a filosofia existencialista de Simone de Beauvoir e sua proposta de uma moral da ambiguidade fundamentada na ação pela qual o indivíduo assume-se como sujeito e objeto em seu desvelamento do mundo e na relação com o outro. Os tipos identificados por Beauvoir em atitudes inautênticas que derivam do medo de assumir essa ambiguidade bem como a própria liberdade, e as noções de reciprocidade e generosidade são elementos fundamentais para o desenvolvimento deste trabalho. No que concerne à virilidade, a proposta de fomento da reflexão é desdobrada também com a sugestão de diálogo entre Beauvoir e os autores Max Horkheimer e Herbert Marcuse e a autora Claudine Haroche. Desenhada a noção de virilidade e sua relação com a lógica agressiva do sistema capitalista e com a construção das categorias de Homem e Mulher respectivamente enquanto Um e Outro, por fim, apontamos, pela discussão acadêmica no campo da filosofia e também por uma construção poética da letra de música, que foge ao nosso rigor da pesquisa, imagens que, pelo erotismo e por aspectos positivos de um contrauniverso, oposto ao masculino, revelem possibilidades de abalarmos as engrenagens da virilidade e as estruturas que esta sustenta.