Abstract

Partindo da ideia de que há na cultura contemporânea ocidental um novo interesse pela religião, o artigo identifica alguns dos sintomas desse renascimento a partir da cultura espanhola dos nossos dias. Segundo Eugenio Trías, na raiz da crise da razão moderna encontra-se o esquecimento do papel da religião, ou seja, o esquecimento dos problemas e evocações que a religião apresenta à racionalidade moderna iluminada. Em Trías, com efeito, podemos encontrar uma teoria crítica da critica moderna da religião hem como uma análise do modo como na modernidade a instrumentalização crescente da razão trouxe consigo um abandono da dimensão simbólica, ou seja, daquilo mesmo que nos permite forçar o limite ou a fronteira, de irpara além do círculo da mera aparência. Ora é apenas no limite, ou na fronteira, que surgem as questões mais interessantes e pertinentes para o pensamento. Pensar o limite transforma-se, assim, em pensamento da religião. O artigo considera ainda o pensamento de José Antonio Marina e o modo como para este autor o ser humano passa da realidade do ser e do viver à experiência religiosa fundamental. Finalmente, alguns aspectos do modo como em Espanha a religião é vista por não-crentes são também considerados. /// Starting with the idea that in contemporary Western culture we can see a renewed interest for religion, the article aims at the identification of some of the symptoms of that renaissance as seen in the culture of contemporary Spain. According to Eugenio Trías, at the roots of the crisis of modern reason is the forgetting of the role of religion, i.e., the forgetting of the problems and reminders that religion presents to the enlightened modern rationality. In the work of Trías, we can see a critical theory of the modern criticism of religion, as well as an analysis of the mode in which the modern instrumentalization of reason brought with it an abandonment of the symbolic dimension, i.e., of the very same thing that allows us to force the limit or the border, of what allows us to go beyond the circle of mere appearance. But it is at the limit, or at the border, that emerge the most interesting and pertinent questions for thought. In this way, the thinking of the limit becomes the thinking of religion. The article takes also into consideration the work of José Antonio Marina and how for this author human beings pass from the reality of being and life to the religious experience. Finally, some aspects of the mode how in Spain non-believers perceive religion are also considered.