Abstract
O presente artigo propõe analisar as concepções de Andrew Feenberg e de Richard Rorty em suas críticas antiessencialistas. Feenberg tem seu foco numa crítica às posições substantivistas e deterministas das tecnologias. Para ele, as tecnologias não são pré-determinadas por alguma natureza ou essência própria. Sua crítica coloca o modelo atual de produção e desenvolvimento tecnológico enquanto limitado pelos valores exaltados por grupos dominantes e que excluem a multiplicidade de valores em jogo numa sociedade. Já Rorty parte do pragmatismo para realizar uma crítica às teorias de correspondência da verdade e das tentativas de fundamentar representações precisas da realidade. Ele aponta a imaginação, na concepção romântica, como a capacidade humana responsável pelo progresso social e como círculo dentro do qual a razão pode trabalhar. Essa noção de imaginação é, desse modo, o ponto de partida para novos modos do fazer e do desenvolvimento de potencialidades humanas. Este artigo buscou identificar um caminho de aproximação entre esses dois autores. Eles concordam quanto à necessidade de ampliação das possibilidades do fazer humano e de que concepções essencialistas limitam nossas potencialidades. A noção de imaginação, como apontada por Rorty, vai ao encontro da defesa de Feenberg pela ampliação do modelo de racionalidade que encaminha o desenvolvimento tecnológico, permitindo a democratização e ampliação das possibilidades humanas.