Absoluto literário e absoluto filosófico: sobre a querela entre arte e filosofia em Hegel e no Frühromantik
Abstract
Desde a expulsão dos poetas da república da razão de Platão, as querelas entre arte e filosofia, literatura e filosofia ocuparam na estética e na filosofia da arte – especialmente nas estéticas do Früromantik e do Idealismo alemão – um lugar central no que tange, sobretudo, à relevância e destaque de uma em relação à outra no processo de formação da cultura moderna. Nesse sentido, o presente trabalho pretende investigar em que medida o absoluto literário do Früromantik e o Absoluto filosófico de Hegel encontram-se em necessária oposição um ao outro. Enquanto herdeiro do Früromantik teria Hegel, a exemplo de Platão, colocado a arte no porão da embarcação moderna ao decretar o seu “vaticínio”? Seriam arte e filosofia expressões interdependentes, ou absolutos frágeis à unidade sistemática? Dentre outras coisas, queremos defender neste trabalho que a estética de Hegel aponta muito mais para uma relação de interdependência entre arte e filosofia do que a supressão de uma pela outra. Nesse sentido, a relação entre o absoluto literário de Schlegel e o absoluto filosófico de Hegel parece muito mais amigável do que costuma se constatar.